Lost Feelings

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Sonhar é amar, sonhar é ser criança, sonhar é ter esperança...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Liberdade Enganosa



Liberdade enganosa


Onde esta a liberdade pela qual todos os dias tento alcançar, onde está a minha vida, afinal quem a comanda eu ou a minha pequena existência é influenciada por condicionantes?


Gostava tanto de poder ser livre, nem que fosse só por um dia, mas experimentar a liberdade, aquele que não implica responsabilidades, porque nada do que fazemos é mau, aquela que não passa dum sonho, sim porque liberdade é apenas um palavra com um significado um tanto abstracto, que por um lado não faz sentido algum.


A maior questão que eu tenho agora é se a felicidade é quando houver liberdade, e será que essa liberdade está nos concedida?


Será que a nossa própria natureza o permite, não entendo, sou apenas um miúdo em crescimento, onde não posso opinar sobre nada e ninguém porque simplesmente não tenho experiência de vida suficiente, ou porque não tenho um DR por detrás do meu nome…


Estou completamente perdido no meio de tantos mundos, completamente dividido, por vezes olho para o espelho e não me reconheço, porque não sei quem sou, quero ajuda e não a tenho, eu procuro, eu busco, eu tento, eu choro, eu faço tanto mas nada nunca muda.


Gostava de poder ter razão sobre alguma coisa, gostava que ninguém me apontasse o dedo e me respeitasse por aquilo que sou e não aquilo que aparento ser, gostava de viver, coisa que hoje cada vez mais me parece ser impossível, cada vez me sinto mais só, mesmo que esteja num local onde estão mil pessoas eu ainda me sinto mais sozinho, olho para os seus olhos e vejo um grande vazio nos seus corações, por mais amigos que tenho nenhum me consegue entender, a escola trás me problemas, que para mim são tão mas tão supérfluos, mas para quem de nós cuida parece que nas suas vidas, quando alguma coisa “má” acontece nos estudos, há um atentado, gostava de me poder fazer ouvir, pois penso que não falo só por mim, mas por muitas mais pessoas, pois eu não sou ninguém perante tanta gente que existe, muitas têm muitos mais problemas que eu, por isso eu não tenho qualquer direito de me afirmar sobre elas, só gostava de ter uma oportunidade de falar pelas pessoas que se assemelham a mim, pois eu não sou único, não sou especial, a única coisa que me difere dos outros são apenas as minhas escolhas e factores exteriores a mim, que diferem de pessoa para pessoa…


Eu olho para o mundo e vejo tanta loucura, que eu só de a ver, quase estou maluco, não consigo suportar, parece que tanta coisa de mal que acontece parece que os meus ombros estão cada vez mais pesados, e a cabeça mais cheia, sinto-me em ponto de ebulição, prestes a explodir, e isso assusta-me, porque tal como disse, eu não me conheço a mim próprio, logo não sei como um dia irei explodir, sim, porque ainda não aconteceu, porque eu tento me conter, eu tento me controlar, mesmo quando não há forças, eu tento, e isto faz me pensar se não estaremos nós todos interligados há vida uns dos outros de algum modo que nos seja oculto, ou que apenas não devemos de entender porque a nossa natureza humana não o permite.


Mas custa-me tanto olhar para o lado num rua e ver uma criança escanzelada, sem ajuda, e eu com tanto, às vezes até tenho vergonha de olhar ou ajudar essas pessoas, porque eu tenho tanto e elas não têm nada, ou que eu peço, que não tenho, elas pediriam o mínimo do que me pertence a mim por direito, todos falamos dos nossos direitos, mas fazemos de tudo para esquecer os deveres, e o nosso dever supremo, para mim, é ajudar o próximo sem qualquer tipo de interesse, ser um “bebé grande”, porque estes quando nascem têm consigo a qualidade inata do altruísmo.


Se tudo fosse assim era tudo muito mais fácil, e isto não é impossível de fazer, apenas difícil, mas torna-se impossível ou querermos sempre aquilo que nos é mais cómodo ou fácil, que não envolve tanto trabalho da nossa parte.


Gostava de poder gritar até ficar rouco, gostava de poder saltar loucamente até me cansar, gostava de passear de noite e de dia em qualquer sítio, em qualquer lado sem que mal algum me aconteça, gostava que o amor realmente existisse na sua forma mais primitiva, amar com tudo o que se tem, sem querer o mesmo ou alguma coisa em troca.


Numa conversa que tive um dia com uma amiga, ela me disse, e com toda a razão eu concordei, e o que ela disse foi o seguinte:


- “Olha Miguel, sabes, cada vez que olho para os homens, certamente sabes que têm duas cabeças, mas devido há gravidade que empurra para baixo pensam com uma só, e sabes as mulheres?


Quando a cabeça debaixo vem com o cu agarrado de dinheiro, elas parecem um banco dum pobre a abrir-se para receber o prémio número um do totoloto”.


E se realmente formos analisar as nossas atitudes, duma maneira geral, pois nem todos são iguais, as nossas atitudes são feitas por algum intresse, nem que seja pequenino, mas é com interesse.


Todos os dias, quando acordo, o meu desejo é que alguém me diga olha vamos embora, sem destino sem rumo, apenas vamos, sem preconceitos, sem mal, sem interesse, apenas ir.


Mas quando começo a descer as escadas do meu quarto ainda meio ensonado, mata-bicho, entro no carro, com a minha cabeça a fazer tic tac, e a pedir silenciosamente:


_ “ Mãe não arranques leva-me para longe.


Vá-lá.


Por favor.


Não vás.”


Mas assim que ela liga o carro, e começa o seu trajecto que já me é conhecido eu entro na rotina tentado não sonhar, pois não o posso fazer, não me posso abstrair de onde eu estou.


Chego há escola e parece que sou um novo eu, entro extasiado pela rotina, pela normal, pela opressão e pelo stress que a escola domina em mim.


Por isto, é que quando estou em casa sozinho, choro e grito, berro para isto acabar…


Mas é assim, tenho de me contentar com o que tenho, não é perfeito, mas é o suficiente para sobreviver.



MIGUEL ÂNGELO

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